Tortura alterou metabolismo de menina, dizem médicos
abril 2, 2008 por Ana
Os responsáveis pela realização dos exames ficaram chocados; laudo deve ser divulgado nesta quarta-feira
GOIÂNIA - A empresária Silvia Calabresi Lima se revelou uma mulher sádica e cruel para um grupo de médicos, que nos últimos seis dias, realizou exames variados no corpo de LRS. Um dos problemas descobertos por eles é o metabolismo da garota, que foi afetado pelas agressões. Aos 12 anos, a menor ainda não entrou no ciclo menstrual. O último exame, uma ressonância magnética nos braços, foi realizado nesta terça-feira, 1º.
O laudo médico será divulgado nesta quarta-feira, 2, segundo o Hospital São Francisco. A ressonância magnética foi feita pelos médicos para descobrir um tipo de febre, de 39ºC que aparece e depois some. Acreditam que é devido ao esforço para se manter na ponta dos calcanhares, enquanto suspensa pelos braços amarrados às correntes. Há, também, uma lesão na língua e quatro cicatrizes que nasceram após Silvia cortar a língua dela com alicate.
Os médicos adiantaram que, à medida em que as feridas, marcas e contusões eram localizadas, LRS relatava como surgiram em seu corpo. A menina foi marcada com ferro elétrico, de passar roupa, em cada um dos glúteos. Quente, o ferro deixou suas linhas na forma de uma severa queimadura, de aspecto horrível. A região lombar também foi marcada pelo ferro quente, e as três feridas deverão levar meses até cicatrizar se for descartada, por exemplo, a cura por meio de enxerto de gordura ou de pele.
Há cerca de 11 buraquinhos no couro cabeludo, descobriu a médica Eliane Frota. LRS explicou como eles surgiram: “A tia Silvia fez com o salto do sapato alto”. A mucosa do nariz está ferida: “Ela enfiou uma tesoura no meu nariz”. Você sente dores no abdome e nas costas? “Sim, muita, ela me batia e dava socos nas minhas costas e na barriga”. Há atrofias nos braços, ruídos nos ouvidos, necrose embaixo das unhas das mãos: “Ela se acalmava quando via os dedos prensados na porta”, contou a menor.
Hemogramas e eletroencefalogramas precedem as consultas com dermatologista, cardiologista, clínico geral, oftalmologista, pediatra e neurocirurgião. Um dentista reconstruiu um dente da arcada superior, e retirou as sobras do aparelho ortodôntico avariado dentro da boca.
Os exames também revelaram os dias tensos – dois anos – da menina na companhia da empresária, e as causas do quadro agudo de desnutrição. LRS contou que Silvia colocou uma barata em sua boca, fechou tudo com uma gaze e depois mordaça: “Ela colocava o pano e a barata na minha boca”, contou. “Um dia eu comi uma; não é pecado, não é mesmo?”, falou inocente. “Já comi um pano, estava com tanta fome!”, relatou aos médicos.
LRS disse que mais de uma vez percebeu que havia no ar um estranho prazer nas sessões de tortura. Após quatro dias sem alimentos, “tia Silvia” a obrigou a comer ração, depois as fezes e a beber a urina do cachorro. “E eu tinha de engatinhar pra comer e beber”, contou aos médicos.
Agência Estado
TRANSCRITO DE: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2008/04/02/tortura-alterou-metabolismo-de-menina-dizem-medicos/
INFÂNCIA COMPROMETIDA Lucélia Rodrigues aguarda adoção em um abrigo para menores abandonados de Goiânia: medo de reencontrar a madrasta |
Lucélia Rodrigues da Silva, 13 anos, mostra quatro
buracos talhados com alicate nas laterais da língua, aperta as mãos suadas pelo
nervosismo e fala sobre a marca do ferro de passar eternizada nas nádegas. A
platéia de operários silencia. Um homem de macacão azul pergunta à menina sobre
o futuro. A tutora da garota pega o microfone, conta que uma pop star gospel
ficou comovida com o martírio da criança e revela
que a empresária da artista vai adotá-la. Lucélia ri. Foi seu único
sorriso na manhã da terça-feira 21 de outubro diante de um auditório apinhado de
curiosos, na sede da fábrica de rosquinhas Mabel, em Aparecida de Goiânia. A
firma é uma das maiores produtoras de biscoito do país. Tem 2 500 funcionários,
fabrica toneladas de biscoito por dia e pertence ao deputado federal Sandro
Mabel (PR-GO), o mesmo que há três anos freqüentou o noticiário durante o
escândalo do mensalão. A menina desconhece o passado do político. O político
conhece o passado da menina. Enquanto Mabel se desdobrava para driblar as
acusações de mensaleiro, Lucélia era brutalizada pelas mãos de uma empresária a
quem sua mãe biológica a entregara em troca de algumas cestas básicas. Durante
horas, ela respondeu às perguntas da platéia, revivendo os piores momentos de
seu martírio. O que Lucélia fazia numa fábrica de biscoitos?
"Trouxe a garota para ela dar uma arejada", explica a
pedagoga Maria Cecília Machado, diretora do Centro de Valorização da Mulher
(Cevam), mistura de pronto-socorro e esconderijo de vítimas de violência. Em
março passado, a polícia libertou Lucélia de uma masmorra doméstica. Sílvia
Calabresi Lima, a empresária que prometera encher a criança de amor, carinho e
mimos, encheu o corpo de Lucélia de hematomas. Durante quinze meses, a
empresária arrancou as unhas da menina no batente das portas, socou seus dentes,
obrigou-a a comer baratas, ração e fezes de cachorro. "Ela dizia que era o meu
remedinho e que era para eu tomar porque o diabo morava em mim", lembra a
garota, encontrada pela polícia amordaçada e amarrada no teto de um cubículo.
Sílvia está presa. Lucélia saiu do cativeiro para as páginas dos jornais,
sensibilizou o país e virou uma espécie de celebridade – um ícone da luta contra
a violência infantil. Tanto que, na convenção do PT que antecedeu as eleições
municipais, em Goiânia, Lucélia estava lá, ao lado dos candidatos, vestida com
uma camisa do partido, festejada como "companheira" Lucélia. Mas o que Lucélia
fazia num comício?
ABUSO EM SÉRIE A menina narra seu sofrimento a uma platéia de operários e participa de um comício do PT |
O juiz da Infância de Goiânia, Maurício Porfírio Rosa,
mandou abrir uma sindicância para saber como e por que a menina, sob a guarda e
a responsabilidade do estado, deixou o abrigo e faltou à escola para participar
de uma reunião política. Maria das Dores Dolly, que trabalha há cinco anos no
Cevam, autora de vários projetos sociais reconhecidos e premiados, explica: "De
fato, levei Lucélia ao encontro. Foi uma mancada. A gente passou rapidamente
pela convenção. Entregaram uma camiseta a ela, e ela vestiu. Dei bobeira". O
Cevam – uma organização não-governamental sem fins lucrativos que acolhe setenta
crianças, mulheres e adolescentes vítimas de violência – é uma referência no
estado. "O mais importante agora é que temos de encontrar uma família para
Lucélia. Ela não pode mais ficar aqui. Sete meses é muito tempo. Abrigo não é
casa", completa. Lucélia, ainda assim, acredita que sua história está perto de
produzir um capítulo feliz. Em agosto, a pastora e cantora evangélica Ana Paula
Valadão, 32 anos, estrela de shows gospel, estava em Goiânia, soube do caso da
menina e pediu para conhecê-la. Com autorização da Justiça, Lucélia foi levada a
Belo Horizonte, cidade-sede da Igreja Batista da Lagoinha, fundada pelo pai de
Ana Paula. A garota voltou de lá convencida de que, finalmente, encontrara um
lar.
"Ao abraçar aquela menina eu não queria mais soltar.
Foram momentos tão preciosos para mim, tocando alguém que já sofreu tanto,
ministrando o amor de Jesus ao seu coraçãozinho. Ali, pudemos orar por ela, pois
há muito a curar em sua alma. Cremos realmente que o Senhor a libertou",
escreveu depois Ana Paula em seu blog. "Vou ter uma família", planeja Lucélia,
enquanto cantarola o Rap da Família, uma das composições musicais da
pastora Ana Paula – "Que bom é ter uma família/ família abençoada por Deus/
Papai, mamãe e filhos todos sempre unidos buscando a Deus". Em sua
passagem pela capital mineira, a menina ficou hospedada na casa de Ezenete
Rodrigues, também pastora e principal assessora da cantora gospel. "Ela disse
para mim que ia me adotar. Eu me converti em Jesus. Preciso corrigir meu gênio",
diz a garota. A promessa de adoção, ao que parece, não é tão certa assim – e nem
poderia, já que existe um longo caminho judicial antes de o processo começar.
"Se eu pudesse, adotaria todas as crianças sofridas do mundo", desconversa
Ezenete. O que então Lucélia foi fazer em uma igreja de Belo Horizonte?
ESTRELA GOSPEL A pastora Ana Valadão passou uma temporada com Lucélia: por enquanto, apenas para gravar um clipe |
"Aqui, ela foi tocada por Jesus e conheceu nosso trabalho
religioso", explicou Ezenete. A pastora Ana Paula colocou em seu site uma foto
sua abraçando Lucélia e gravou um clipe gospel com a participação da menina, que
será lançado em breve. "Aqui em Goiânia é muito difícil esquecer. Tenho medo de
encontrar Sílvia. Fico pensando nisso o tempo todo. A dor não sai de dentro de
mim. Por isso, eu queria muito ir para Belo Horizonte. Queria ser pastora.
Queria ser outra pessoa", diz a garota, já crente de que sua tragédia não é
fruto apenas da perversão humana dos adultos. "A culpada fui eu. Eu, que não
estava tocada por Jesus." No abrigo, Lucélia recebe visitas, presentes,
mensagens de solidariedade, mas, ao menos oficialmente, ninguém ainda se dispôs
a adotar a menina. Na semana passada, o juiz Maurício Rosa autorizou Lucélia a
comemorar seu aniversário de 13 anos em companhia das pastoras evangélicas
mineiras. Foi uma promessa feita a ela depois da gravação do clipe. Outra
notícia boa é que a Justiça condenou a madrasta torturadora a pagar uma
indenização de 300.000 reais à garota. Coincidência ou não, os pais de Lucélia,
aqueles que a trocaram por comida, já se candidataram a receber a filha de
volta. "Essa menina viveu vários ciclos de abandono. Foi abandonada pela mãe.
Tinha uma expectativa com a madrasta e de novo foi abandonada. Depois que ela
foi libertada do cativeiro, a sociedade também a abandonou. E agora, caso essa
perspectiva de adoção não se confirme, há um enorme risco de frustração, e mais
uma vez ela pode reviver o abandono", diz a psicóloga Ivânia Ghesti-Galvão,
doutora pela Universidade de Brasília. uma istória emocionante . janete vieira
.
QUANDO VAMOS PODER VIVER EN PAZ?????!!
TRANSCRITO DE: http://soliedariedadejajaconamor.blogspot.com.br/
OS DESLIZES DA REVISTA VEJA QUANTO AO FATO DA ADOÇÃO DE LUCÉLIA POR EZENETE DO DIANTE DO TRONO
Desestruturação familiar
.Lucélia, a
menina que durante um ano e três meses foi vítima de tortura, maus-tratos e
cárcere privado pela empresária Sílvia Calabresi Lima, 42 anos, soube pela boca
da própria mãe, Joana D'Arc da Silva, que Lourenço, o homem que julgava ser seu
pai biológico, na verdade não é.
.
Joana e Lourenço - que não vivem juntos - agora brigam
pela guarda da filha, depois que a Justiça condenou a torturadora a pagar
indenização de trezentos mil reais à garota. É o cúmulo do absurdo o repentino
interesse pelo bem-estar da menina, pois a mesma havia sido desprezada pelos
progenitores em troca de alimentação.
.
Nas conversas com o juiz, e no Centro de Valorização da
Mulher (Cevam), Lucélia pouco tem citado o nome da mãe, julgada por entrega
ilegal de criança.
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Os olhos quase cegos da
Veja
.
Assinada por Ana Beatriz Magno, a revista Veja trouxe às
bancas a matéria Dor sem hora para acabar,
onde lemos que Lucélia virou ícone na luta contra a violência infantil e
ainda continua sem o abrigo de um lar sete meses depois de encontrada pela
polícia amordaçada e amarrada no teto de um cubículo de propriedade da família
da empresária Sílvia Calabrasi Lima.
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Lucélia e a fábrica de
biscoitos Mabel
.
A
matéria da Veja alega que na terça-feira, 21 de outubro, Lucélia foi levada
diante um auditório lotado de curiosos, na
sede da fábrica de propriedade do deputado federal Sandro Mabel (PR-GO). Esteve
diante de dois mil e quinhentos funcionários, respondeu sobre sua tragédia
infantil.
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Falou para a multidão sobre os quatro buracos feitos com
alicate na laterais da língua, falou sobre a marca do ferro de passar roupa que
possui nas nádegas, disse que a empresária arrancou suas unhas no batente das
portas, socou seus dentes, obrigou-a a comer baratas, ração e fezes de cão.
"Ela dizia que era o meu remedinho e que era
para eu tomar porque o diabo morava em mim", são as lembranças que
Veja afirma povoar a cabeça da
garota.
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Lucélia e o PT
goiano
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A Veja denuncia também que a imagem de Lucélia foi usada
politicamente. Ela esteve na convenção do PT, de Goiânia, antes das eleições
municipais. Colocaram a camisa do partido nela e os políticos se exibiram ao seu
lado
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Lucélia e Ezenete
Rodrigues
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A repórter Ana Beatriz consultou o blog da Ana Paula
Valadão Bessa, informa na matéria ter lido que em agosto a vocalista do Diante
do Trono esteve em Goiânia, conheceu Lucélia e com autorização da Justiça levou
a menina à Belo Horizonte. E que nas Minas Gerais a menina ficou hospedada na
casa de Ezenete, que empresaria o conjunto musical. Na casa de Ezenete,
inclusive, Lucélia comemorou seu aniversário de 13 anos.
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A
repórter escreve que a garota voltou de BH convencida que encontrou sua família.
Relata as seguintes palavras que seriam dela: "Ela disse que ia me adotar. Eu me converti em Jesus.
Preciso corrigir meu gênio". E estranhamente afirma que a promessa de
adoção não é uma certeza. Dá a entender que Ezenete causou esperanças vazias,
não deseja a adoção. E pergunta: "O que então Lucélia foi fazer em uma igreja de
Belo Horizonte?", colocando a Igreja Batista da Lagoinha, Ana Paula Valadão
Bessa e Ezenete Rodrigues no mesmo balaio das pessoas que foram capazes de
entrevistar Lucélia na fábrica Mabel e usar sua imagem na convenção
petista
.
No
fim da matéria, lemos as palavras de uma psicóloga, ela comenta sobre as óbvias
conseqüências que o abandono causa na mente de uma criança
.
Como acontecem as
adoções
.
Que fique claro, adoções fazem parte de um processo onde
é verificado se as crianças envolvidas, quando crescidas como é o caso, desejam
ou não ser adotadas por quem deseja adotá-las. A Lucélia viajou à cidade mineira
e depois retornou para Goiânia seguindo o protocolo do Conselho Tutelar, que
buscou constatar qual seria a reação dela dentro de uma nova moradia estranha
para ela até então. Agora, provavelmente, ela estará sendo tratada como ser
humano que é, tem voz ativa para direcionar seu futuro quanto onde
morará.
.
E.A.G.